08/11/2013

PERGUNTAS E RESPOSTAS sobre temas sociojurídicos do universo do acolhimento institucional

Reafirmando o compromisso de integração das Assistências Social e Jurídica, o Núcleo Especializado da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Estado de São Paulo produziu a versão virtual do folder “PERGUNTAS E RESPOSTAS sobre temas sociojurídicos do universo do acolhimento institucional“, buscando fortalecer o compromisso da rede de defesa da criança e do adolescente em favor da garantia dos direitos à convivência familiar e comunitária e prestigiando a reintegração e manutenção dos vínculos com a família natural e/ou extensa.

Veja o folder no link abaixo:
http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/33/Documentos/perguntas%20e%20respostas%20-%20Acolhimento%20institucional.pdf


Fonte: NECA, publicado em 08/11/2013
http://www.neca.org.br/perguntas-e-respostas-sobre-temas-sociojuridicos

19/09/2013

Feira da Aprendizag​em


Programação

08h15min  Acolhida
08h30min  Cerimonial de Abertura
09h00min  Apresentação artísticas
09h30min  Exposição (visita orientada )
13h30min  Acolhida – Tarde
13h45min  Cerimonial de Abertura 
14h00min  Apresentação Artística
14h20min  Exposição (visita orientada)
16h00min  Encerramento

Para fazer sua inscrição ou confirmar sua presença.
Preencher o formulário FEIRA DA APRENDIZAGEM | WORKSHARE.

Para preenchê-lo, visite:
https://docs.google.com/forms/d/1gUaDjoViTYLWQAb-4NeWJ68YZ4BNzuAy_zHZGnMsaGI/viewform

08/08/2013

Sete em cada oito menores de idade abrigados no Brasil têm família

"Os números mostram que toda a rede - tanto o judiciário como a assistência social - não está trabalhando de maneira adequada”, afirma a presidente da Comissão da Infância e Juventude do CNMP


Quem são e para onde vão os 45 mil adolescentes e crianças abrigados no Brasil? Um mapeamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), feito com base na inspeção de 86% das entidades que abrigam esses menores de 18 anos, traça um retrato preocupante: a maioria tem família. Apesar disso, 77% não receberam visita dos pais nos últimos dois meses e um terço está abrigado há mais de dois anos, limite máximo estabelecido pela lei.
 
"Os números mostram que toda a rede - tanto o judiciário como a assistência social - não está trabalhando de maneira adequada”, afirma Taís Schilling Ferraz, presidente da Comissão da Infância e Juventude do CNMP. “O correto é que, no prazo máximo de dois anos, fosse realizada a reinserção na família biológica ou, nos casos em que isso não é possível, a ação de destituição de poder e encaminhamento para adoção.”

Não é o que acontece. Hoje, apesar de a maioria dos abrigados não receber frequentemente a visita dos pais, o que fragiliza ainda mais o vínculo com a família, continuam atrelados a ela. Dados da Corregedoria Nacional de Justiça mostram que, dos mais de 45,6 mil abrigados em junho, menos de 6 mil estavam aptos à adoção, o que significa 1 em cada 8. Os outros 39 mil ainda esperam pela chamada reinserção familiar.
 
Uma mudança de perfil que explica até a troca de nomenclatura: nos “orfanatos” de antigamente, viviam os órfãos. Hoje, os abrigos dão guarida a vítimas de situação variadas. Para esses, a reinserção na família de origem é prioridade. A adoção, conforme prevê a lei, “é medida excepcional e só deve ocorrer quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família”.
Por isso, assim que uma criança com esse perfil chega a um abrigo, a Justiça inicia um processo periódico de avaliação da situação dos pais - para saber se eles têm condições de reaver a guarda - e de busca pela família extensa, que são os tios ou avós que poderiam assumir a criação desses menores. “95% das crianças querem voltar para casa, mesmo aquela que apanha. Ela só não quer se a violência que sofreu foi muito grande”, explica a psicóloga Claudia Vidigal, presidente do Instituto Fazendo História, que atua com crianças e adolescentes abrigadas.

Reencontro

Em muitos casos dá certo, como aconteceu com os irmãos Melissa, de 11 anos, e Wellington, de 8. Durante os anos em que ficaram abrigados - após terem sido violentados pelo pai alcoólatra, com quem moravam desde que a mãe os havia abandonado -, eles pediam por uma tia avó que morava em uma casa com uma escada no fundo. Era só isso que sabiam dizer. Após três anos, a Justiça encontrou dona Maria Estela dos Santos, de 52 anos, que vivia na cidade ao lado.
 
Uma das ferramentas para reduzir o tempo de acolhimento são as audiências concentradas. Nelas, juiz, promotor de Justiça, defensor público e equipe técnica do serviço de acolhimento se reúnem dentro da unidade. Juntos, reavaliam a situação de cada criança com o objetivo de garantir que a criança ou o adolescente retorne com brevidade ao convívio com a sua família de origem, natural ou extensa, ou seja encaminhado para adoção.
 
Publicado em 08/08/2013 - Gazeta do Povo:

02/08/2013

Cuidando de crianças e adolescentes em vulnerabilidade social

A educação predominante tem sua atenção direcionada à transmissão dos conteúdos curriculares e ocupa-se pouco em conhecer o contexto e intervir na vida que seus alunos levam. Diante dessa abordagem, como ficam as crianças e os adolescentes em situação de vulnerabilidade social? Será possível para eles aprender na escola enquanto seu mundo desmorona?
 
Problemas pessoais significativos dificultam o aprendizado. Você já tentou estudar com algum tipo de dor? Imagine como é para um aluno que está com fome, com frio ou com piolhos… Você já tentou estudar quando estava abalado emocionalmente? Imagine como é difícil aprender para os milhões de crianças que vivem em lares desestruturados em que suas necessidades básicas, emocionais e físicas, são negligenciadas. Pense na dificuldade em aprender conteúdos curriculares de uma criança que sofre agressões físicas, sexuais, ou que é psicologicamente violentada. É compreensível se eles, talvez os que mais precisam da escola, forem os que menos aprendem.
 
Nossas escolas não têm estrutura para lidarem com os problemas sociais que nelas ecoam e é muito difícil para um professor intervir de maneira eficaz dispondo dos recursos que tem. Assim como é quase impossível para ele conhecer verdadeiramente seus alunos, considerando que atua com diversas turmas que totalizam centenas de jovens e crianças. Quanto à direção escolar e à equipe pedagógica, a situação é semelhante. Além disso, esses profissionais são desvalorizados pela sociedade e não tem em suas formações o preparo necessário para atuações com esse nível de profundidade. Aqueles que se importam realmente com esses alunos apenas sofrem junto.
 
Diante desse contexto, presente na maioria das escolas públicas do país, é necessário um novo olhar e a adoção de estratégias que realmente amparem e protejam a criança e o adolescente em situação de risco. Precisamos de equipes multidisciplinares dentro das escolas, com bons terapeutas, assistentes sociais especializados, instituições parceiras e de trabalhos que envolvam as famílias e as auxiliem na árdua tarefa de educar.

Artigo publicado em 01/08/2013 pela Gazeta do Povo:
http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-e-midia/cuidando-de-criancas-e-adolescentes-em-vulnerabilidade-social/

25/07/2013

Acolhimento familiar

Acolhimento familiar é alternativa humanizada aos antigos orfanatos

Incentivada pelo governo estadual, modalidade temporária de abrigamento se torna comum em diversas cidades do Paraná
 
Em um passado recente, crianças que perdiam o vínculo familiar estavam quase sempre fadadas a crescer nos orfanatos, às vezes privadas de afeto e referências maternas. Alternativas mais humanizadas, entretanto, já são previstas em lei e têm rendido bons resultados em municípios paranaenses. Uma delas é o acolhimento familiar, modalidade de abrigamento em que uma família recebe subsídios do governo – geralmente 75% de um salário mínimo e uma cesta básica – para abrigar uma criança ou adolescente por tempo indeterminado, até que seja adotada ou tenha condições de voltar para a família natural.
 
De acordo com a Secre­taria Estadual da Família e Desenvolvimento Social, atualmente os municípios de Apucarana, Guarapuava, Piên, Castro, Cascavel, Pla­nalto, Londrina e Curitiba mantêm programas de acolhimento familiar, com auxílio de recursos do governo do estado. No entanto, a iniciativa pode existir em outras cidades, apenas com recursos municipais. Em Apucarana, as cinco famílias cuidadoras integrantes do Programa Família Guardiã receberam o primeiro repasse da Secretaria Municipal de Assistência Social para ajudar nas despesas com as crianças. Atualmente, cada família cuida de uma criança. Legalmente, até três podem ser acolhidas na mesma casa, e irmãos devem ficar juntos sempre.
 
A coordenadora do Fa­mília Guardiã, Patrícia de Oliveira Vecchi, recorda que a lei que regulamenta o programa é de 2003, mas somente agora as ações serão intensificadas. “Temos vagas para 10 famílias e queremos ampliar para 20. O Conselho Municipal da Criança e do Adolescente quer que nos reorganizemos dentro dos parâmetros nacionais, que buscam garantir à criança convivência familiar e comunitária.”

Casa-lar
 
Além do acolhimento familiar, desde 2009 Apu­carana mantém com recursos públicos duas casas-lares, uma feminina e uma masculina, com 10 vagas em cada. O município também conta com uma instituição de acolhimento não governamental para 20 crianças. “Para a criança, o mais vantajoso ainda é a família”, defende Patrícia.
 
Em Apucarana, a família provisória – formada por pai e mãe, ou apenas uma das figuras paternas –, em princípio, deve ficar com a criança por dois anos, com avaliações semestrais. Cuidadores estão sendo cadastrados na cidade para receber, sobretudo, adolescentes, já que as chances de adoção para eles são menores. Para ser um pai ou mãe temporário, não há requisitos fixos, já que a análise é caso a caso. “A pessoa precisa ter condições de garantir segurança, saúde e educação. O foco precisa ser a criança, não o benefício financeiro”, frisa Patrícia.

Há 10 anos, Rosemeire se dedica a Lara
 
Embora não seja a ideia do acolhimento familiar, o Programa Família Guardiã, em sua fase inicial, beneficia alguns casos parentais, como o de Lara, 10 anos, que é filha de uma prima de sua mãe cuidadora. Aos 5 dias de vida, ela foi retirada da mãe biológica, detida pela Justiça em São Paulo. “Sem parentes próximos, Lara ia acabar num orfanato. Foi aí que minha mãe, já falecida, trouxe ela para nós cuidarmos. Hoje, ela sabe de toda a situação”, conta a dona de casa Rosemeire Aparecida Ramos Ananias, 34 anos, que tem a guarda da menina.
 
Ao lado do marido, Cláudio Donizete Ananias, 45, a moradora da periferia de Apucarana conta que, há dez anos, dedica-se exclusivamente ao bem-estar de Lara. “Um dia, estava ali no ponto de ônibus e uma vizinha que sabe da história da Lara me falou sobre o Família Guardiã.” Entre a entrada com a papelada na prefeitura, recorda Rosemeire, e a inclusão da família no programa municipal, o intervalo foi de um ano. “Minha preocupação é toda com ela, não trabalho, fico por conta de levá-la na escola, no médico. O dinheiro é só para comprar coisinhas para ela, roupa, tudo o que ela precisa. Estou muito feliz, graças a Deus.”
 
A coordenadora do Família Guardiã, Patrícia Vecchi, recorda que algumas mães que já cuidavam de crianças foram inclusas na lista de beneficiados, mas o objetivo, daqui para frente, será encontrar pais provisórios para que crianças não acabem em abrigos. “Até porque hoje a lei prevê a guarda para parentes, naturalmente.”
 

Modalidade leva vantagem sobre abrigos tradicionais
 
Por ser uma situação transitória, o acolhimento familiar é um vínculo construído para ser quebrado. Ainda assim, na visão de especialistas, é mais vantajoso do que os tradicionais abrigos. “Do ponto de vista da criança, as vantagens são todas, porque ela não divide a necessidade de carinho e afeto como na casa lar e pode ficar com os irmãos, caso tenha, na mesma casa”, defende o educador, pesquisador e servidor da assistência social de Foz do Iguaçu, Valtenir Lazzarini. Segundo ele, o município implantou o acolhimento familiar subsidiado em 2002, mas o convênio foi encerrado em 2010. Cerca de 80 famílias participavam do programa. “É um modelo muito vantajoso, apesar de tudo, porque vínculos nós estabelecemos e rompemos a vida toda.”
 
A coordenadora da Seds, Elenice Malzoni, lembra que o acolhimento familiar é uma modalidade incentivada pelo governo estadual, que está recebendo projetos de acolhimento institucional para que municípios e instituições recebam recursos programa “Crescer em Família”, provenientes do Fundo Estadual para a Infância e a Adolescência e deliberados pelo Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca). “Neste ano de 2013, sete municípios no estado que possuem o acolhimento familiar estão pleiteando recursos na forma de bolsas mensais, no valor de R$ 500,00, valor que deve ser complementado pelos municípios em 30% para financiar o serviço de famílias acolhedoras.” Para receber recursos estaduais é necessário ter uma Lei no Município que cria o serviço.
 
A psicóloga de Curitiba Bárbara Snizek, que tem mestrado sobre abrigamento, avalia o modelo como muito superior aos anteriores, que não reproduziam o modo familiar. Para ela, a quebra de vínculo quando a criança é adotada ou volta para a família natural não invalida os aspectos positivos do acolhimento familiar. “A média de acolhimento é de dois anos e, nesse período, os vínculos são importantes. Essa criança tem que aprender a se relacionar, fazer vinculo, ser humanizado, ter afeto. Se houve afeto, é positivo. É uma perda para os dois lados, mas é perder para ganhar.”
 
Publicado em 25/07/2013 pela Gazeta do Povo

26/06/2013

Doações para a Fundação Francisco Bertoncello


A Fundação Francisco Bertoncello está recebendo doações de roupas, cobertores e demais itens para aquecer o inverno das crianças! Dá uma olhadinha no recado que eles passaram pra gente:

O Frio está Chegando na FFB e precisamos aquecer nossos LINDOS pequenos acolhidos!!! Você pode nos ajudar nesta Campanha DOANDO roupas bem quentinhas, meias, cobertas, pijamas e pantufas!!!  Aguardamos por todos com um abraço bem quentinho !!!
 
Para mais informações, entre em contato com a instituição:
Fundação Francisco Bertoncello
Rua Pedro Fiorese, 78 - Águas Fervidas - Colombo - PR
Fone: (41) 3656-7575

28/05/2013

III Ciclo de Diálogos REAGE


 


A Rede Cristã convida para o III Ciclo de Diálogos da REAGE, a ser realizado no próximo dia 05 de junho de 2013 (quarta-feira), com início as 09 horas na sala de eventos 301 da Primeira Igreja Batista de Curitiba (Rua Bento Viana, 1200 - Batel).
Nesta data a facilitadora deste diálogo a Sgto. Tania Guerreiro, oficial da Polícia Militar do Paraná, que estará compartilhando o tema:   "drogas e a exploração sexual infantil - pedofilia".
 
Abaixo o link para sua inscrição, fixada em 2 litros de leite longa vida, que após o evento são encaminhados para uma organização social escolhida pelo Grupo Gestor da REAGE.

Vagas são limitadas no número máximo de 35 participantes. Você poderá levar material impresso para divulgar entre os participantes os seus projetos.

Faça já a sua inscrição:
https://docs.google.com/a/transformacaosocial.org.br/forms/d/1yH4Wq_98JufzIBjaDCW979JuX5FMJRPvPJPgNrzX19w/viewform

27/05/2013

Vínculos que vão além da cor da pele



O amor não tem cor. É assim que Mirian, 39 anos de idade, explica a relação que construiu com a filha adotiva, Camile, de 9. A menina tinha 2 anos e 3 meses de idade quando foi adotada. A mãe conta que ela e o marido Milso Andrade, 55 anos de idade, se apaixonaram pela criança assim que a conheceram. Miriam e o esposo são brancos. Camile é negra. No entanto, a diferença quanto à cor da pele não representou uma barreira.
“Somos sortudos. A Camile tem se mostrado uma filha incrível. Nós é que fomos adotados por ela. E quanto à cor da pele... Sou loira, tenho olhos verdes. Ela é negra. É nítida nossa diferença. Mas ela já aprendeu a lidar com isso, inclusive com os colegas da escola. Tanto que ela não me deixa intervir”, relata a mãe.
Miriam conta que de vez em quando ouve comentários nas ruas sobre a diferença do tom da pele. “Alguns idiotas vêm nos dizer que ela não se parece comigo”, conta. “Mas, por outro lado, há aquelas pessoas que se mostram admiradas e que chegam à conclusão de que esse tipo de adoção é possível”, completa.
O pai define a adoção de Camile como uma experiência extraordinária. “Quando nos casamos, Miriam e eu tínhamos conversado sobre a possibilidade de adotar. Não tínhamos nenhuma restrição. Então, quando a Camile surgiu, tomamos a decisão rapidamente, sem nenhum tipo de barreira. Sentimos depois o estranhamento de algumas pessoas, mas para nós foi uma coisa que se desenvolveu com muita naturalidade. E muitos passaram a vislumbrar a mesma possibilidade de adotar”, diz Milso.
Com 2 anos e 3 meses de idade à época da adoção, a menina reproduzia os hábitos adquiridos na convivência com a família biológica. No entanto, isso também não representou um óbice para o casal. “Toda criança vai passar por um processo de adaptação. Ela tem hábitos que desenvolveu na tenra idade, relacionados à alimentação e higiene, por exemplo, que esbarram em outros hábitos que a família nova tenta ensinar. Esse não foi um processo que aconteceu do dia para a noite, mas aprendemos muito. Afinal, até um filho biológico, recém-nascido, passa por esse processo. Ele tem de se adaptar”, conta Milso.
O casal não esconde o orgulho que sente da filha, cuja personalidade eles estão ajudando a formar. “Ela é uma pessoa muito humana, que se preocupa com o sofrimento dos outros. Aprendemos muito com ela”, orgulha-se Mirian.

Fonte: Agência CNJ de Notícias
http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24841:vinculos-que-vao-alem-da-cor-da-pele&catid=223:cnj&Itemid=4640
Publicado em: 24/05/2013 por Giselle Souza

22/05/2013

Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção?




Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.

Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.

Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
 
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
 
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
 
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
 
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
 
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
 
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.
 
Fonte:
 

Convite Reunião Campanha "Criança Não é de rua"


20/05/2013

Adoção e o Acolhimento

Juízes debatem formas de melhorar a adoção e o acolhimento de crianças e adolescentes

Melhorar o processo de adoção e o acolhimento de crianças e adolescentes foi um dos objetivos do encontro que reuniu nesta semana, em Brasília, juízes e promotores de Justiça de todo o país. A discussão vai gerar um manual de boas práticas que orientará os juízes que lidam com questões de adoção e acolhimento de crianças e adolescentes.
A juíza responsável pela área de infância e juventude no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Marina Gurgel, resumiu o encontro numa busca coletiva de soluções para acelerar o número de adoções e diminuir a quantidade de crianças e adolescentes em abrigos. “Não vamos impor nada. Tudo será discutido e negociado”, afirmou.
A proposta é criar procedimentos que sejam seguidos por juízes e promotores em processos de adoção, acolhimento de crianças e adolescentes. O documento tomado como base da discussão foi a Carta de Constituição de Estratégias em Defesa da Proteção Integral das Crianças e do Adolescente, compromisso assinado em outubro passado por representantes dos três poderes. A carta tem metas para o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90).

A conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) Taís Ferraz informou que dar visibilidade ao tema é uma estratégia para efetivar os direitos desse segmento da população. “Levantamento feito pelo Ministério Público revelou que, até hoje, 25% das crianças e adolescentes acolhidos não têm guia de acolhimento. Do ponto de vista jurídico, essas crianças estão no limbo”, afirmou a conselheira. O CNJ regulamentou a guia nacional de acolhimento em 2009.  
O juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Gabriel Matos apresentou dificuldades de operacionalização do Cadastro Nacional de Adoção. Mostrou-se disposto a debater mudanças que ajudem os juízes a lidar com problemas em processos de adoção, acolhimento e destituição do poder familiar, entre outros. “Esses processos chamados de medidas de proteção ou protetivas não têm roteiro, como manda o código de processo penal, por exemplo”, disse.   
Pesquisa - Durante o evento foi apresentada formalmente a pesquisa Encontros e Desencontros da Adoção no Brasil, feita pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ), do Conselho Nacional de Justiça. De acordo com o levantamento, a idade avançada é maior empecilho para a adoção , superando variáveis significativas como doenças e cor da pele.  Dados atualizados do  Cadastro Nacional de Adoção (CNA) – de maio de 2013 – registram  29.440 pretendentes a adoção no país. Desse total,  21.998  declararam aceitar crianças entre 0 a 5 anos, o que corresponde a 75%. "A grande maioria dos pretendentes à adoção deseja adotar uma criança com idade entre zero e cinco anos. O problema é que esta faixa etária corresponde a apenas 9% das crianças aptas à adoção. Precisamos desenvolver políticas públicas que modifiquem essa realidade”, afirmou Gabriel Matos.
Para provar a tese de que requisitos relacionados à saúde não apresentam óbices em relação à adoção, o estudo apontou que 15% dos pretendentes entrevistados (4.211) não ofereciam qualquer resistência em adotar criança ou adolescente portador de HIV e 8% (2.252) não fizeram restrições à condição de deficiência da criança ou adolescente. Proporcionalmente esses percentuais apresentam um cenário favorável para a adoção diante do número de crianças portadoras do HIV (141) e deficientes (211 portadores de deficiência física e 422 com deficiência mental).
 
A pesquisa completa pode ser acessada aqui.

Fonte:
http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24748:juizes-debatem-formas-de-melhorar-a-adocao-e-o-acolhimento-de-criancas-e-adolescentes&catid=223:cnj&Itemid=4640
Agência CNJ de Notícias

13/05/2013

IV ENCONTRO ADOÇÃO CONSCIENTE



08h30 Recepção
09h00 Abertura Oficial
09h30 “Adoções: encontros de almas.”
Desembargador Ruy Muggiati ‐ Membro do Conselho de Supervisão dos Juízo da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
10h10 Intervenção Musical
Coral da Fundação Solidariedade mantida pela Volvo
10h40 Dinâmica Adotiva
Prof. Sérgio Degrande
11h00 “A vida das crianças e adolescentes numa  Instituição de Acolhimento”
Elizeo Zacarkim Junior (Gestor) e Dinacir de Lima Leal (Assistente Social) ‐ Casa Abrigo Menino Jesus 
12h00 Divino almoço (por adesão)
13h30 “A voz de nossas crianças”
Depoimentos de nossos filhos que passaram pelo processo de adoção.
14h30 “Preparação dos adotantes internacionais”
Denise Araújo Vosnika ‐ Psicologa da CEJA(Conselho Estadual Judiciário da Adoção)
15h30 “Adotamos duas irmãs”
 Ricardo Colombo e Valéria Guimarães
16h15 “Adotamos uma pré‐adolescente”
Marina e Júnior
17h00 Encerramento - Coffee break de Confraternização.

Informações sobre a Programação / Inscrição: (41) 3353‐7895

 

02/05/2013

VAGA


(clique para ampliar)

11/04/2013

Pais exigentes dificultam adoção

A lista de crianças à espera de uma família é formada principalmente por negras e maiores de 2 anos, características que não interessam à maioria dos casais pretendentes
 
Na teoria, faltariam crianças para serem adotadas em todo o país. O Brasil tem cinco vezes mais casais que desejam ser pais adotivos do que crianças aptas a serem encaminhadas a essas famílias. Mas na prática a história é outra. Grande parte dos pretendentes prefere crianças brancas e 54% desejam crianças de até 2 anos de idade. Na contramão dessa vontade, 66% dos meninos e das meninas que esperam ser adotados são negros ou pardos e só 2,5% têm até 2 anos.
 
O país conta com 29.164 pretendentes a adotar inscritos no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enquanto 5.465 crianças ou adolescentes estão à espera de uma nova família. No Paraná, a proporção é semelhante. São 3.755 pretendentes e um total de 640 crianças.
 
Segundo o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, os pais fazem restrições quanto à idade porque a maioria das crianças mais velhas trazem lembranças da família biológica e do tempo em que ficaram em unidades de acolhimento.
Em todo o país, a proporção de pretendentes que preferem crianças com 2 anos é de 20%. Já para crianças com 10 anos, por exemplo, o índice cai para 0,65% (veja infográfico). Olympio de Sá Sotto Maior Neto, um dos relatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), afirma que não raras vezes os casais descrevem, inclusive, qual deve ser o biotipo dos futuros filhos.
 
Irmãos
O quadro se torna ainda mais grave quando se considera o número de pessoas que aceitam adotar irmãos: apenas 19%, contra 81% que não aceitam. Além disso, apenas 17,5% adotariam duas crianças e menos de 0,8% aceitariam três crianças. “O ideal é sempre manter o grupo de irmãos”, ressalta Neto. Segundo o CNA, somente 23% das crianças disponíveis para adoção não têm irmãos.
O desembargador Lauro Melo, do Tribunal de Justiça do Paraná, confirma que a maioria das crianças aptas à adoção não corresponde ao perfil requerido pelos pais brasileiros. “Após muito trabalho, um dia mudaremos esse cenário, conseguindo a adoção de crianças maiores pelos nossos pretendentes . Mas para isso é necessário investir em treinamentos e cursos de capacitação para pais adotivos, o que vem ocorrendo no Paraná desde 2001, quando foram criados cursos com o acompanhamento do Poder Judiciário”, declara.
Para Eliana Salcedo, presidente da ONG Recriar, entidade que auxilia pessoas interessadas em adotar, não é a burocracia que deixa tantos candidatos aguardando a adoção. “Nem sempre há o perfil da criança que os pais desejam. A gente trabalha para que as pessoas amadureçam, mas muitas sonham em passar pela maternidade e paternidade enquanto as crianças ainda são bebês”, salienta.
 
Adoção deve ser sempre a última opção
O coordenador do Centro de Apoio Operacional das Pro­­motorias de Justiça de Pro­­teção aos Direitos Hu­­manos, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, ressalta que colocar uma criança para adoção deve ser sempre uma exceção. A regra é esgotar todas as fórmulas possíveis para mantê-la no seio familiar.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, determina que as crianças têm o direito de serem criadas na família de origem. “A carência material não pode ser motivo único para a destituição do poder familiar, como ocorria antes”, salienta o procurador.
Em casos de abandono e violência física ou sexual, os pais podem ter a guarda suspensa de forma temporária e a criança é encaminhada a um abrigo. “Temos a perspectiva de superar as anomalias na relação familiar. Caso não seja possível com os pais, a preferência é para que a criança seja criada por outros membros da família”, afirma.
 
 
 
 
Casal derrubou empecilho da idade e adotou casal de irmãos nordestinos

Quando os irmãos Mariana e Mariano estavam sendo levados para o Lar Maná, na zona rural de Olinda (Pernambuco), em novembro de 2010, o casal Luiz Antônio, 51 anos, e Sílvia, 38, começou a frequentar cursos em Curitiba para interessados em adotar. As crianças, abandonadas pela mãe, moraram no abrigo até julho de 2012, quando o destino os uniu ao casal de advogados.
Até então, a vontade era adotar uma criança com menos de 2 anos, como a maioria sonha. “Fomos amadurecendo a ideia e ao longo de uma entrevista optamos por adotar crianças de 2 a 7 anos, que poderiam ser negras ou brancas e também irmãs”, afirma. Enquanto isso, os funcionários do Lar Maná se esforçavam para achar pretendentes que aceitassem Mariano e Mariana, de 6 e 5 anos, respectivamente, e pele negra.
Após realizarem os cursos, Luiz e Sílvia entraram para o Cadastro Nacional em janeiro de 2012. Depois de alguns meses sem retorno algum do Poder Judiciário do Paraná, ele recebeu uma ligação surpreendente de Olinda. “A moça me contou a história das crianças. Conversei com minha esposa e depois de refletir por um bom tempo decidimos que em julho iríamos para lá”, diz. A partir daí já começaram a trocar e-mails, enviando fotos e mensagens a Mariana e Mariano.
Ao chegarem a Olinda, saindo de um frio de quase 3ºC da capital paranaense para uma cidade onde a temperatura beirava os 30ºC, foram conhecer os futuros filhos. “Eles já estavam nos chamando de pai e mãe. Parecia que nos conhecíamos de longa data. Conseguimos a guarda provisória e a adoção foi concretizada em janeiro deste ano.” (DA)
 
Veja quais são os passos e pré-requisitos para quem deseja adotar:
- Qualquer adulto maior de 18 anos pode se tornar pai adotivo, desde que seja pelo menos 16 anos mais velho do que o adotando e procure a Vara de Infância e Juventude do seu município.
- O curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção é obrigatório. A partir do laudo da equipe técnica da Vara e do parecer emitido pelo Ministério Público, o juiz decide se a pessoa pode participar do Cadastro Nacional.
- A partir daí deve-se aguardar até aparecer uma criança com perfil compatível com o fixado pelo pretendente durante a entrevista técnica.
Fonte: CNJ
 
 
Fonte: Gazeta do Povo
Publicado em 11/04/2013
 

10/04/2013

Método Paulo Freire de alfabetização completa 50 anos

Paulo Alves de Souza, 70 anos, Maria Eneide de Araujo Melo, 56, e Idália Marrocos da Silva, 83. Três personagens de uma história que teve como cenário a pequena cidade de Angicos, localizada na região central do Rio Grande do Norte, a 170 km de Natal, e que completa 50 anos neste mês de abril. Os três fizeram parte da experiência de alfabetização de adultos, conhecida como as 40 Horas de Angicos, na qual foram alfabetizados cerca de 300 angicanos, em 1963, sob a supervisão do educador Paulo Freire.

A experiência, inédita no Brasil, tinha uma meta ousada: alfabetizar adultos em 40 horas. Mas não era só isso. De acordo com o professor doutor Éder Jofre, Paulo Freire pretendia despertar o ser político que deve ser sujeito de direito. "A palavra 'tijolo' fez parte do universo vocabular trabalhado em Angicos. Era uma palavra que fazia parte do cotidiano dessas pessoas. Mas não era só ensinar a escrever tijolo, tinha também a questão social e política. Era questionado: você trabalha na construção de casas, mas você tem uma casa própria? Por que não tem? Levava o cidadão a pensar nessas questões", explica Éder Jofre, que é doutor no método Paulo Freire.

Paulo Souza lembra que naquela época, quando tinha 20 anos, já não tinha esperanças de aprender a ler, até que chegou na cidade a notícia do curso de alfabetização de adultos. "Eu não pensei duas vezes. Fui na hora." Ele conta que trabalhava o dia todo e seguia para as aulas que aconteciam em uma casa no centro da cidade. "Naquela época aqui era só mato. Depois do trabalho a gente seguia para a aula com o caderninho debaixo do braço. Aquilo mudou a minha vida, porque quando a gente não sabe ler a gente não participa de nada, a gente não é ninguém", diz, emocionado.

Maria Eneide também participou das aulas de alfabetização. Com 6 anos de idade, ela não era o público alvo do curso, mas acompanhava os pais porque não tinha com quem ficar em casa. "Meu pai e minha mãe estavam no curso, então eu ia com eles. Eu aprendi a ler no colo do meu pai e quando ele não podia ir eu acompanhava minha mãe e depois ensinava meu pai", lembra. A experiência foi determinante na vida de Eneide. "A partir dali eu tive certeza de que seria professora e hoje dou aula para alunos da educação infantil", diz.

Aos 83 anos de idade, Idália Marrocos da Silva diz que se lembra 'como se fosse hoje' das aulas. "Nós íamos para uma casa e tínhamos aula na sala. Naquela época essas aulas aconteciam em todo lugar: na igreja, na delegacia, nas casas das pessoas. Muita gente aprendeu a ler com essas aulas", lembra. De sorriso fácil e boa memória. Dona Idália lembra que muita gente tinha medo de ir às aulas porque na época diziam que Paulo Freire era comunista e que os alunos do curso seriam perseguidos. "Muita gente tinha medo. Minha mãe não queria que eu fosse, mas essas aulas mobilizaram a cidade inteira. Foi quase uma revolução e eu queria fazer parte", conta, na cadeira de balanço, em uma casa simples onde mora sozinha.
 
Entenda o método Paulo Freire

Paulo Freire desenvolveu um método de alfabetização baseado nas experiências de vida das pessoas. Em vez de buscar a alfabetização por meio de cartilhas e ensinar, por exemplo, “o boi baba” e “vovó viu a uva”, ele trabalhava as chamadas “palavras geradoras” a partir da realidade do cidadão. Por exemplo, um trabalhador de fábrica podia aprender “tijolo”, “cimento”, um agricultor aprenderia “cana”, “enxada”, “terra”, “colheita” etc. A partir da decodificação fonética dessas palavras, ia se construindo novas palavras e ampliando o repertório.

O método Paulo Freire estimula a alfabetização dos adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, através de palavras presentes na realidade dos alunos, que são decodificadas para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo.

“A concepção freiriana procura explicitar que não há conhecimento pronto e acabado. Ele está sempre em construção”, explica Sonia Couto Souza Feitosa, coordenadora do Centro de Referência Paulo Freire (CRPF), entidade mantida pelo Instituto Paulo Freire. “Aprendemos ao longo da vida e a partir das experiências anteriores, o que faz cair por terra a tese de que alguém está totalmente pronto para ensinar e alguém está “totalmente” pronto para receber esse conhecimento, como uma transferência bancária. Esse caráter político, libertador, conscientizador é o diferencial da metodologia de Paulo Freire dos demais métodos de alfabetização.”

O método Paulo Freire foi desenvolvido no início dos anos 1960 no Nordeste, onde havia um grande número de trabalhadores rurais analfabetos e sem acesso à escola, formando um grande contingente de excluídos da participação social. Com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi preso e exilado, e seu trabalho interrompido.

“Já naquela época Paulo Freire defendia um conceito de alfabetização para além da decodificação dos códigos linguísticos, ou seja, não basta apenas saber ler e escrever, mas fazer uso social e político desse conhecimento na vida cotidiana”, explica Sonia, que é licenciada em Letras e Pedagogia, com mestrado e doutorado pela Faculdade de Educação da USP.

Desde seus primeiros escritos, Paulo Freire considerou a escola muito mais do que as quatro paredes da sala de aula. Apesar de aplicado entre jovens e adultos, o método também pode ajudar na alfabetização e letramento de crianças.

O método Paulo Freire é dividido em três etapas. Na etapa de Investigação, aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia. Na segunda etapa, a de tematização, eles codificam e decodificam esses temas, buscando o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido. E no final, a etapa de problematização, aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido.

Nascido no Recife, Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Ele morreu em maio de 1997, e no ano passado foi declarado patrono da educação brasileira. “O legado que ele nos deixa, entre tantas contribuições, é de esperança”, destaca a coordenadora. “Um legado de entender a educação como espaço de transformação social, que nos ajuda não só a ler a história, mas sermos também escritores da história.”
 
Fonte:
http://www.tnprojetossociais.com.br/verNoticia.php?id=5572
08/04/2013 - 13:20:59
Por Redação TN / Fernanda Zauli, G1 RN

08/04/2013

Pais terão de matricular filhos de 4 anos na escola

Lei publicada no Diário Oficial prevê que novas vagas sejam oferecidas a partir de 2016. Hoje, idade mínima para ingresso é de 6 anos.

O governo federal publicou ontem no Diário Oficial da União uma nova lei que obriga pais ou responsáveis a matricular crianças de 4 anos na pré-escola. O texto altera uma lei de 1996 que estabelecia a idade mínima obrigatória para o ingresso na escola como 6 anos.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), a publicação adequa a lei a uma emenda constitucional de 2009 que já determinava “educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos”. A mesma emenda dá às redes estaduais e municipais de educação um prazo até 2016 para se adequar e oferecer vagas para atender essa faixa etária.
A publicação no Diário Oficial revela que “a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
O texto publicado ontem também divide a educação básica obrigatória em pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. Ele garante ainda atendimento aos jovens em todas essas etapas por meio de programas suplementares para oferecer material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Na pré-escola, os jovens deverão ser avaliados mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento, mas sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Também deve haver controle de frequência exigindo a frequência mínima de 60% do total de horas.


 
Diversidade
Outra novidade na lei foi a inclusão de mais um princípio a ser observado no processo de ensino das escolas. Trata-se da “consideração com a diversidade étnico-racial”. Princípios como igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, pluralismo de ideias, valorização do profissional da educação escolar e garantia de padrão de qualidade já estavam contemplados no texto anterior.
 
Fonte: Gazeta do Povo
Publicado em 06/04/2013

02/04/2013

Aprendizagem

Dislexia afeta 7% das crianças

Quanto antes for identificado o transtorno, menores os prejuízos acadêmicos, sociais e psicológicos para crianças e suas famílias
 
Quando a mãe de Yan, 7 anos, descobriu que o filho tinha dislexia, o menino já havia mudado de escola três vezes por causa de dificuldades no aprendizado. A identificação do problema foi o caminho para que ele finalmente começasse a evoluir nos estudos. Refeitas com um novo método, suas provas que antes tinham notas baixas hoje têm 9 ou 10, resultados que restituíram o interesse pela escola e a aceitação dos colegas.
A história de Yan não é um caso isolado. A dislexia afeta cerca de 7% das crianças, a maioria meninos. Apesar da grande incidência, muitas escolas e professores ainda não estão preparados para lidar com esse transtorno, de difícil diagnóstico. De origem neurobiológica e genética, a dislexia pode comprometer o desenvolvimento das habilidades de escrita, decodificação e pronunciação das palavras. Se tratado a tempo, no entanto, o distúrbio não chega a prejudicar a aprendizagem das crianças.
 
Diagnóstico
Todos os meses cerca de 2 mil pessoas procuram a Associação Brasileira de Dis­lexia (ABD), em São Paulo, em busca de mais informações sobre o transtorno. Em geral, os pais decidem investigar o problema quando a criança já teve alguns anos de escolarização, com desempenho escolar ruim, dificuldades de socialização e baixa autoestima. Nesse cenário, a descoberta de que a criança poderá superar esses obstáculos é um alívio para muitas famílias.
“O disléxico evolui de forma consistente se conta com um acompanhamento adequado”, diz a neuropsicóloga da ABD Maria Inez Ocanã De Luca. De acordo com a especialista, o estudante com dislexia deve estar inserido na sala de aula comum, com pequenas mudanças. “A prova escrita, por exemplo, não é o melhor método. É mais indicado fazer o exame em uma sala em separado, com alguém lendo as questões e com tempo maior para que elas sejam respondidas”, afirma.
Assim como os óculos auxiliam quem não enxerga bem e as muletas são importantes para quem tem mobilidade reduzida, os disléxicos também precisam de instrumentos pedagógicos para enfrentar seus limites. A neuropediatra Mauren Bodanese explica que esse entendimento é fundamental no acompanhamento dessas crianças, e que as escolas precisam estar dispostas a ajudar. “Enquanto a criança não adquirir a habilidade da leitura e interpretação, como vai ser avaliada no que não sabe fazer? Não é como colocar o cadeirante no colo, mas disponibilizar uma rampa para ele subir”, diz.
Além do acompanhamento adequado, família e escola precisam trabalhar juntas. Na opinião de Fátima Minetto, mestre em Educação e doutora em Psicologia, é necessário que os responsáveis pela criança compreendam a dislexia e saibam como agir. “Não saber do diagnóstico do filho faz com que a criança se construa pelo olhar da angústia dos pais. Isso dificulta que um adulto com dislexia tenha uma vida normal e capaz”, alerta.
 
Acompanhamento
Com a suspeita de dislexia, a criança precisa de atendimento especializado. Veja o que fazer:
- Para a Associação Brasileira de Dislexia, o ideal é que a criança seja levada a atendimento especializado após o início da escolarização, quando ela começa a ter dificuldades para escrever ou na compreensão de textos.
- Descartada a falha pedagógica da escola, é preciso buscar ajuda profissional. A orientação de um neuropediatra é importante para descartar outros problemas, como deficiência intelectual.
- Em uma avaliação multidisciplinar, exames de exclusão devem ser feitos, como os que verificam deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais e desordens afetivas. Vários profissionais fazem esse trabalho, como fonoaudiólogos e psicopedagogos. Quando há prejuízo emocional, o acompanhamento psicológico é fundamental.
- Além de contar com um ambiente de leitura adequado em casa, silencioso e sem distrações no entorno, as crianças devem saber que têm a dislexia. Assim, podem entender o motivo de suas dificuldades e saber reagir perante as prováveis dificuldades com os estudos e colegas.
- A escola deve atender de forma diferenciada os alunos com dislexia, como é previsto por lei. As modificações vão desde a oferta de tarefas e avaliações diferenciadas, às vezes em forma oral, até mais tempo para a resolução.
- Os pais precisam ser os principais aliados. Além de terem paciência nos momentos de lição de casa e de incentivarem o aprendizado, especialistas sugerem que os pontos positivos da criança sejam elogiados, como os desenhos bonitos que faz, o comportamento atencioso com colegas, a ajuda em casa etc.
 
 
Bê a bá da Dislexia
Confira os sinais mais comuns desse transtorno de aprendizagem nas crianças:
 
- Na escrita, troca letras, junta palavras que são escritas separadas e separa as que são escritas juntas. Copiar do quadro ou do livro é desgastante.
- O disléxico tem prejuízo da coordenação motora fina, letra feia e irregular e dificuldade para passar da letra de forma para a de mão ou cursiva.
- É mais complicado para aprender Matemática, decorar a tabuada e entender os enunciados de problemas. É difícil conseguir a compreensão e reter informações na leitura.
- A compreensão de textos é difícil, a criança se sai melhor quando ouve a história e também se expressa melhor oralmente que na escrita.
- Como tem confusa a relação entre as partes, não consegue montar quebra-cabeças com a mesma destreza que outros da sua idade.
- É desatenta e dispersa. Cansa e abandona ações antes de completá-las. Tem vocabulário pobre.
- Demonstra má vontade na hora de ir para a aula. Pode faltar e esquecer propositalmente materiais em casa para que não percebam que não conseguiu fazer a tarefa.
- Aprender inglês é muito difícil, disléxicos do mundo todo sofrem com isso. Já com idiomas como italiano e espanhol o aprendizado é mais fácil, pois é mais coerente a relação entre som e grafia.
- Se a pessoa cresce sem ser diagnosticada, geralmente começa a investigar o que está atrapalhando seu desenvolvimento no trabalho, na faculdade ou quando vai prestar vestibular e concursos.
- Tem dificuldade com rimas, para soletrar, separar e sequenciar sons ou em discriminar fonemas homorgânicos (p-b, t-d, f-v, k-g, x-j, s-z).
 
Confira sites e livros que abordam o tema:
Sites:
Associação Nacional de Dislexia: http://www.andislexia.org.br/
Associação Brasileira de Dislexia: http://www.dislexia.org.br/
Livros:
A vida secreta da criança com dislexia, de Robert Frank
A dislexia em questão, de Giselle Massi
Aprendizado e suas desabilidades - Como lidar?, de Abram Topczewski
Manual dos Transtornos Escolares, de Gustavo Teixeira
 
 

28/03/2013

Adoção e Devolução

"A adoção, cada vez mais em foco nos estudos psicológicos, sociais e jurídicos, vem sendo, ao longo dos anos, transformada em um recurso mais simples e completo no intuito de extinguir o abandono infantil tão presente na sociedade atual."
 
Assim começa a reportagem Adoção e Devolução: a criança devolvida que está na Revista Contato nº 86, publicação do Conselho Regional de Pscicologia do Paraná do bimestre de Março/Abril, que aborda o tema da adoção que você pode ler na íntegra abaixo ou no próprio site do CRP, clicando no link direto desta edição da revista.
 




22/03/2013

Paraná tem 3.576 crianças em abrigos e 637 aptas à adoção

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 44.313 meninos e meninas vivem hoje em abrigos de acolhimento institucional ou outros estabelecimentos do gênero no Brasil. Deste universo, aproximadamente 86% estão nesses locais há mais de dois anos, período máximo recomendado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No Paraná, são 3.576 garotos e garotas à espera de uma decisão que defina se eles devem voltar para as famílias biológicas ou ganhar um novo lar. Desse número, apenas 637 estão aptos para adoção. Segundo a presidente da Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), Maria Rita Teixeira, a demora na destituição do poder familiar, que conforme a lei deveria ocorrer em 120 dias, complica as chances de adoção dessas crianças e adolescentes, que quanto mais velho ficam, menos chances têm de conseguirem uma nova família.
[Folha de Londrina – Geral – Mariana Franco – 17/03/13]

Escolas poderão decidir se terão férias durante a Copa

As escolas poderão decidir se ajustam o calendário de férias para o período da Copa do Mundo de 2014, que acontece no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho do próximo ano. O ministro Aloizio Mercadante, da Educação, homologou parecer do Conselho Nacional de Educação que questiona a aplicação do artigo da lei sancionada ano passado pela presidente Dilma Rousseff. O MEC entende que a Lei Geral da Copa não pode se sobrepor à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A Lei Geral da Copa estabelece que os sistemas de ensino ajustem os calendários escolares de forma que as férias escolares abranjam todo o período da Copa. Já a LDB define que o calendário seja adequado às peculiaridades locais e que devem ser cumpridos 200 dias letivos. [Gazeta do Povo – Vida e Cidadania – 20/03/13]
 

21/03/2013

Casa do Pai lança seu novo site

Uma das 11 instituições de acolhimento que fazem parte do Programa HSBC Educação, a Casa do Pai, acaba de lançar seu novo site. Clique e conheça um pouco mais sobre o trabalho desta instituição.