22/04/2010

Psicopedagogia

“Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar” (CHATEAU, 1987, P. 14).

A psicopedagogia, empenhada em solucionar os problemas da alfabetização, vem buscando criar formas de administrar a relação professor/aluno/aprendizado, por métodos adotados amplamente por ela. Entre esses métodos, encontra-se a ludopsicopedagogia, que consiste na análise da criança através dos seus brinquedos, uma vez que a criança desloca para o exterior seus medos e ansiedades. No brincar, a criança descobre seus limites, potencialidades e individualidade. A brincadeira desempenha uma função vital para a criança. É muito mais do que apenas a atividade frívola, leviana e prazenteira que os adultos julgam que é.

A ludopsicopedagogia associada à música abre outra vertente do tratamento psicopedagógico. Embora pouco explorada, a “Ludopsicopedagogia-musical” condensa dois pontos de apoio à intervenção: o lúdico, que fornece informações do indivíduo através dos elementos do brincar; e da música, que proporciona a realização de um trabalho direcionado e caracterizado para aplicação específica, permitindo ao psicopedagogo, encontrar na música o meio “impressionante” necessário ao tratamento da deficiência.

Brincar é divertido para a criança e ajuda a promover a afinidade necessária entre o psicopedagogo e/ou professor e a criança. O medo e resistência iniciais por parte desta, muitas vezes, são drasticamente reduzidos, quando ela se defronta com uma sala cheia de brinquedos. Enquanto a criança utiliza o brinquedo como instrumento o profissional consegue compreender seus sentimentos e preocupações. Brincando as crianças comunicam e mostram melhor, os seus sentimentos. Enquanto isso, o psicopedagogo dirige a atenção para os motivos subjacentes do comportamento da criança, durante as atividades lúdicas.
Brincar pode ser um bom instrumento de diagnóstico. Brincando com a criança, podemos observar muita coisa a respeito da maturidade, inteligência, imaginação e criatividade, organização cognitiva, orientação de realidade, estilo, campo de atenção, capacidade de resolução de problemas, habilidades de contato, entre outras nuanças (OAKLANDER, p.189).

A análise infantil explora o mundo dos sentimentos e impulsos inconscientes, os “fantasmas infantis” como origem de todas as ações e reações observadas nos pequenos aprendizes. A eficiência do tratamento está no fato de que no ato de brincar as crianças expressam sentimentos de ambição, desejo, amor, crueldade, ódio, necessidade de dominar e destruir. Esses sentimentos existem em cada pessoa, mas nas crianças são liberados no brincar de uma forma prazerosa.
O poder do lúdico na criança dá-lhe o prazer de adaptar à realidade ao seu gosto. Sob a orientação do professor e com o apoio de jogos, procura-se fazer desaparecer os “medos e os temores”, “obter uma maior assimilação do mundo, dos impulsos e das motivações e conseguir uma maior adaptação à realidade e uma estabilidade da emotividade” Enciclopédia online (2005). O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejo.

Assim como já foi mencionado, a ludopsicopedagogia consiste na análise da criança através do ato de brincar. É durante esse comportamento prazeroso que ela desloca para o exterior seus medos, ansiedades e problemas internos, dominando-os ou não pela ação. Por meio da atividade lúdica, ela manifesta seus conflitos e, desse modo, pode-se reconstruir o passado assim como, no adulto, se consegue por meio da palavra.

Como professores, temos que tornar nossas aulas tão interessantes e divertidas quanto possível. As crianças necessitam de movimentos não apenas porque têm períodos de concentração muito curtos, mas também porque aprendem com o uso do corpo inteiro. Cada aula deve incluir pelo menos uma ou duas atividades das quais deveria ser um jogo ou uma brincadeira incluindo a música.
É correto afirmar que, “o êxito do processo ensino-aprendizagem depende, em grande parte, da integração professor-aluno, sendo que neste relacionamento, a atividade do professor é fundamental” (IDEM), devendo criar condições para que a criança explore seus movimentos, manipule materiais de diferentes texturas e sonoridades, interaja com seus companheiros e resolva situações-problema. Ele deve ser antes de tudo, um facilitador da aprendizagem.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARRETO, S de J. (2000) Psicomotricidade: Educação e Reeducação. Blumenau Acadêmica.
CAMASMIE.A.T. (2000). Artigo: Ludoterapia na abordagem Existencial. Rio de Janeiro:Jornal On-line Existencial.
CHATEAU, J. (1987). O Jogo e a Criança. São Paulo: Summus.
FREITAS, D. P. de. A Música na relação Psicoterapêuta-Paciente, Disponível em: http://www.pucrs.br/ Acesso em 21/01/2006.
OAKLANDER, V. (1980). Descobrindo Crianças: A Abordagem Gestáltica com Crianças e Adolescentes. São Paulo: Summus.
PARISI, M. (2006). Música e Educação: Um Casamento que dá Certo. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/. Acesso em 27/11/2006.
RIZZI, L. & HAYDT, R. C. (2004). Atividades Lúdicas na Educação da Criança. São Paulo: Ática.


Texto elaborado por Maria Salete Corrêa Carvalho (Professora, graduada em Estudos Sociais e História, especialista e com mestrado em Psicopedagogia).

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